terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lá vem o Sol...


Lá vem o Sol... 
Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas. (Malaquias 4.2.)

Adventus Redendoris (a vinda do Redentor)
O Natal (Teologia da Encarnação) e a Páscoa (Teologia da Ressurreição) se constituem nas mais importantes solenidades da tradição cristã. O Natal, porque faz referência à encarnação do Salvador divino, na criança humilde de Jesus, filho de Maria, na época em que Herodes Antipas era o tetrarca da Galiléia; e a Páscoa, porque rememora a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, ocorrida no período em que Pôncio Pilatos governava a Judéia.

No entanto, não se trata de mera retrospectiva histórica, mas, antes, de atualização celebrativa de um acontecimento salvífico que tem implicações para o presente e é determinante em relação ao futuro daqueles e daquelas que o celebram com fé.
A Páscoa cristã é a festa mais antiga, e já era comemorada no final do primeiro século da nossa era. O Natal é mais tardio, e só se fixou a partir do século IV, mas isso a partir da tradicional celebração do dia de Epifania (6 de janeiro), que já era comemorada em meados do primeiro século.
A Epifania (palavra que significa “manifestação”) era festejada pelos cristãos já no final do primeiro século e início do segundo (a ponto de ficar registrada nos Evangelhos, cf. Mt 2), como a evidência de que o evangelho de Jesus Cristo não era uma exclusividade dos judeus-cristãos, mas uma manifestação da graça de Deus para toda a humanidade. Por isso, recorda-se, nessa festa, a visita dos Magos, que vieram do Ori¬nte para saudar o Deus-criança e dar-lhe presentes; bem como o Batismo do Senhor, ocasião em que Jesus se apresenta publicamente como Filho de Deus; e ainda a realização do seu primeiro milagre, na cidade de Caná da Galiléia, pelo qual Jesus inicia publicamente seu ministério.
O Ano Litúrgico começa com o período do Advento, no quarto Domingo que antecede o Natal. A palavra “advento” vem do latim Adventus Redemptoris, ou “a vinda do Redentor”. Mais do que um período preparativo para festejar o Natal, o Advento nos alerta para a necessidade de nos prepararmos diante do evento final da história: o Segundo Advento de Cristo. A criança de Belém é o Senhor e Juiz das nações, que virá em poder e glória no fim dos tempos para estabelecer o reino pelo qual pedimos na Oração que ele mesmo nos ensinou.

A tonalidade de fundo que percorre o I Domingo é a da espera vigilante do Senhor. Ele anuncia o seu retorno. Devemos estar alertas. As nações se reunirão. O dia está próximo (ciclo A). De fato, esperamos que o Senhor Jesus se revele. Quando vier, tudo será restaurado, o universo e cada um de nós (ciclo B). É preciso vigiar e estar pronto para comparecer de pé diante do Filho do homem. Um germe de justiça se instaurará no fim dos tempos, pelo que devemos estar firmes e irrepreensíveis (ciclo C).

Se o reino dos céus está próximo, é mister preparar os caminhos. É o tema específico do II Domingo do Advento. O Espírito está sobre o Senhor e nele as promessas são confirmadas (ciclo A). Preparar os caminhos significa preparar um mundo novo, uma terra nova (ciclo B). Devemos saber ver a salvação de Deus, cobrir-nos com o manto da justiça e revestir-nos do esplendor da glória do Senhor (ciclo C).

O III Domingo apresenta os tempos messiânicos. Deus vem salvar-nos, a sua vinda está próxima, as curas são o sinal de sua presença (ciclo A). No meio de nós está alguém que não conhecemos. Exultamos pela presença de quem está marcado pelo Espírito (ciclo B). Um mais poderoso que João Batista deve chegar. Já está aqui. É esse o tempo da fraternidade e da justiça (ciclo C).
O IV Domingo do Advento anuncia a vinda iminente do Messias. José foi pré-advertido. Uma Virgem (uma jovenzinha) conceberá o Filho de Deus, Jesus Cristo, da estirpe de Davi (ciclo A). A notícia é comunicada a Maria. O trono de Davi será firme para sempre. O mistério calado por Deus durante séculos é agora revelado (ciclo B). Também Isabel agora sabe. De Judá sairá aquele que vai reger Israel. Ele vem para cumprir a vontade de Deus (ciclo C).


Luiz Carlos Ramos Luiz Carlos Ramos Pastor Metodista e Teólogo. Graduado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul (1983). Mestre (1996) e Doutor (2005) em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Atualmente é Professor da Universidade Metodista de São Paulo, onde também coordena o setor de Liturgia e Arte. 
 
Fonte: http://www.novosdialogos.com/artigo.asp?id=732

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